CW - Telegrafia em código Morse
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LETRAS |
NÚMEROS
PONTUAÇÃO
«PROcedure SIGNS» |
A palavra PARIS foi escolhida por métodos estatísticos (baseados na língua Inglesa) como a palavra com o comprimento standard para a velocidade do código Morse. Tal como já foi referido cada «dit» (ponto) conta como uma unidade, cada «dah» (traço) conta como três unidades, o espaçamento dentro do caractere conta como uma unidade, o espaçamento entre caracteres conta como três unidades, o espaçamento entre palavras é de sete unidades, assim a palavra PARIS perfaz exactamente 50 unidades.
Assim, dez palavras por minuto (10ppm) é igual a 500 unidades por minuto divididos por 50 unidades por palavra perfazem uma unidade em cada 120 milissegundos. Este método de medida da velocidade, por vezes é chamado do «slow code» porque soa mais lento do que outro método de medida que toma por base conjuntos de «palavras» formadas por caracteres aleatórios (letras e algarismo) que soam bastante mais rápido porque em média a extensão de cada palavra aleatória tem um comprimento bem acima das 50 unidades que constituem a palavra PARIS.
Durante a aprendizagem do código, que falaremos já adiante, utilizamos um espaçamento maior entre as letras e as palavras por forma a por um lado ter tempo para raciocinar e por outro treinar o ouvido a copiar as letras a uma velocidade importante, mais a frente falaremos deste método – o método Farnsworth.
Claro que para uns será mais fácil do que para outros tendo em conta os inevitáveis pressuposto genéticos, mas que seja ponto assente que todos somos capazes de o aprender, desde que devidamente motivados razoavelmente persistentes.
Como aprender depressa e bem, é uma questão que tem afligido muitas gerações de telegrafistas, militares e radioamadores, aliás a aprendizagem do código é bastante anterior à própria invenção da rádio, lembrem-se que mesmo antes de Marconi demonstrar que se podia enviar código através de ondas Hertzianas há pouco mais de 100 anos, o código Morse era extensivamente utilizado nas comunicações terrestres umas décadas antes. Antes de haver T.S.F. (Telegrafia Sem Fios) houve muitos anos de telegrafia «com» fios.
Esta procura dos melhores métodos de aprendizagem também é uma questão que progressivamente tem afligido os nossos colegas detentores de licenças da categoria «C» e «B» (sem Morse) que desejam se submeter a exame para usufruir de todos os privilégios da categoria «B habilitado a telegrafia» ou «A». Suponho que mesmo aqueles que tendo beneficiando da alteração da legislação em 1995 e estão administrativamente «habilitados à telegrafia» já tenha equacionado se valeria a pena aprender o código.
Independentemente do motivo que leva o amador a querer aprender o código Morse há que tecer algumas considerações acerca de como fazê-lo de forma rápida e eficaz, para tal seleccionei dois métodos eficientes e adaptei às nossas necessidades imediatas dando-lhe um nome sugestivo.
O método "Farnsworth" baseia-se na premissa que velocidades muito baixas do código resultam contraproducentes na aprendizagem. O aprendiz deverá habituar-se desde o início a ouvir os caracteres a uma velocidade considerável, muitas vezes o valor de 15 palavras por minuto é mencionado como referência.
Ora, se pusermos os aprendizes a copiar símbolos consecutivos à uma velocidade destas é muito provável que se perca... O ovo de Colombo do Sr. Farnsworth foi a ideia de que o aprendiz deveria ser confrontado com os símbolos à uma «grande» velocidade mas fazendo com que o espaçamento inter-caracter e inter-palavras seja bem mais alargado por forma a permitir o raciocínio ainda não automatizado do aprendiz.
O método Koch (de um psicólogo alemão de nome Ludwig Koch dos anos 30) resulta de uma aturada pesquisa efectuada sobre as dificuldades sentidas na aprendizagem do código. Concluiu que a realização da aprendizagem seguindo uma ordem de caracteres dos mais simples para os mais complexos a nível da sua estrutura, levava a que o aprendiz tivesse mais dificuldade em interiorizar os mais complexos. O que fez foi propor uma sequência de aprendizagem onde caracteres mais fáceis misturam-se com mais difíceis. Concomitantemente o Sr. Koch recomenda que o processo mental da aprendizagem nunca assente na memorização por associações rebuscadas mas simplesmente no encarar o símbolo como um padrão sonoro.
Sequência de aprendizagem do método Koch:
K M R S U A P T L O
W I . N J E F 0 Y ,
V G 5 / Q 9 Z H 3 8
B ? 4 2 7 C 1 D 6 X
<BT>
<SK> <AR>
O método que agora exponho não é uma invenção original mas tão somente a adaptação dos dois métodos anteriores à uma situação concreta: passar na prova de exame de telegrafia em código Morse da ANACOM. Como não houve imaginação para mais baptizei o método de ANACONDA (qualquer semelhança com a ANACOM é mera coincidência). Repito que este método não visa preparar para a operação em CW no ar mas tão só e exclusivamente em ter sucesso na prova de recepção auditiva de código Morse.
A prova de recepção auditiva de código Morse da ANACOM consiste na descodificação de 49 palavras em língua portuguesa e 1 grupo de números no espaço de 5 minutos, quer as palavras quer o grupo de números tem a extensão de 5 caracteres. O que dará aproximadamente uma velocidade de 10 palavras por minuto.
Uma vez que as palavras são em português então não farão parte do teste as letras «K» «W» e «Y» assim como os «Sinais avançados» e a pontuação. Bastará então o domínio de 33 dos 45 símbolos para passar com sucesso total na prova!
Por outro lado como 50% é suficiente para passar na prova então o candidato poderá com total segurança prescindir de aprender os números diminuindo de 33 para 23 os algarismos a interiorizar.
O que eu proponho com o método ANACONDA não é nada de revolucionário, consiste apenas numa adaptação do método KOCH donde foram retirados os símbolos que não interessam, ficando exclusivamente as 23 letras necessárias para a prova.
Assim, a sequência de aprendizagem será esta:
M R S U A P T L O I N J E F V G Q Z H B C D X
Começaremos pelas duas letras iniciais e assim que as copiarmos com percentagens elevadas de acertos adicionaremos a letra seguinte até que possamos treinar com conjuntos aleatórios de 5 letras, em que entrem todas as letras, a uma velocidade de aproximadamente 13 palavras por minuto
Ora, onde é que o Farnsworth entra nesta método? Partindo do pressuposto que vamos utilizar programas informáticos para a aprendizagem. Há que tirar partido das possibilidades postas ao nosso dispor, assim deveremos escolher programas de aprendizagem do código que nos permitam ajustar a velocidade do caractere para nunca menos do que 13 palavras por minuto, e um espaçamento exagerado entre os caracteres para que se permita o aprendiz copiar. Este espaçamento adicional deverá ser o mais curto possível pois o objectivo final é copiar o código perfeitamente enviado pelo que só nos servirá para a fase de aprendizagem.
Se nos estamos a preparar par um exame de 10 palavras por minuto devemos trabalhar para copiar com segurança a uma velocidade um pouco mais elevada para que mesmo havendo algum nervosismo ou ansiedade próprios do momento não sejam suficientes para comprometer um bom desempenho.
Recomendo vivamente que se opte pelo «Koch Method CW Trainer - G4FON», já vai na versão 3.4.4, é gratuito e pode ser puxado do site www.sdc.org/~finley/finley.morse.html O programa está feito de forma a obedecer por defeito aos princípios de aprendizagem enunciados neste documento.
Existem muitíssimos outros programas de software para a aprendizagem do código Morse. A questão é compreender os princípios e configurar os programas para respeitá-los.
Durante muito tempo o programa mais famoso
foi, provavelmente, o
«Supermorse» que corre em puro DOS (gratuito e disponível para download em
http://www.murrah.com/sm/). Este programa já esteja estruturado em
lições seguindo uma ordem de complexidade e sugerindo a aprendizagem por grupos
de letras consoante a sua semelhança, nós não vamos seguir este método mas sim o
ANACONDA, por isso, e como o programa é altamente configurável podemos mexer à
vontade na velocidade do caracter no espaçamento entre letras e palavras.
Configuração do Supermorse: 1º Calibração
da velocidade em Options/Code/calibration aguarda-se um minuto para que o
programa envie a palavra PARIS e depois anota-se o valor final que se deverá
introduzir na alínea «Timing Factor». 2º Escolha das letras a trabalhar em
Options/Chars; 3º acerto das velocidades SSP (F1 e F2) e WSP (F5 e F6) sempre
iguais e com um valor inicial de cerca de 4, e CSP com um valor não inferior a
12 (F3 e F4).
Configuração do NuMorse que corre em
ambiente windows com versão disponível para download gratuito
(http://www.nu-ware.com/download/NuMors.zip ). A única limitação do programa é
que a velocidade máxima está fixada em 20, bastante mais do que necessitamos,
assim:
1- Seleccionamos SETTINGS / FILTERS as letras que vamos trabalhar começando
pelas duas primeiras o «M» e o «R»;
2- A velocidade para 13 na barra de rolagem vertical
CHAR. e 5 na barra TEXT;
3- Em PLAY seleciona-se como SOURCE - GROUPS, a
partir daí vão saír conjuntos aleatórios de 5 letras apenas compostas pelas
letras seleccionadas (o M e o R).
Depois de copiar as letras que se estão a trabalhar quase sem erros (85% mais ou menos) pode-se adicionar a letra seguinte, e assim por diante. Lembro que as 23 letras do ANACONDA são:
M R S U A P T L O I N J E F V G Q Z H B C D X
Quanto fiz esta prova em Abril de 1998 o examinador conduziu-me para uma sala à parte e pôs um gravador em cima da mesa, havia duas folhas A4 de papel cada uma numerada de 1 a 25 e a segunda de 26 a 50 e uma caneta. Permitiu-me ouvir um pouco da cassete antes do teste para me habituar quer ao tom dos sinais quer à sua velocidade. No fim permitiu me que corrigisse o que tinha copiado o que se torna fácil uma vez que sendo palavras em português basta ficar atento para ver se estão bem escritas. Note-se que a letra cê de cedilha é um simples cê, não havendo acentuação, e que alguns tempos verbais e plurais formam palavras algo estranhas quando vistas isoladamente...
Ø Não tente aprender o código Morse memorizando as figuras de traços e pontos que aparecem na generalidade das tabelas, isto vai atrasar o processo de aprendizagem, é necessário ter paciência no início e aprender a associar directamente o som à letra correspondente. Só assim se poderá alcançar um bom nível em pouco tempo sem se ter de defrontar com os chamados patamares de aprendizagem a partir dos quais é difícil continuar a progredir. Evitar visualizar mentalmente as figuras de traços e pontos, aprendendo pelo som, é de certeza a melhor forma de se dominar o código pois evita-se esta etapa desnecessária de pensamento que atrasa tremendamente a velocidade com que é possível «copiar».
Ø Utilize de preferência um programa informático, existem muitos e muito bons, desde já sugiro o Super Morse. Por outro lado este programa é altamente configurável o que permite a todo o momento o adaptarmos às nossas necessidades ou preferências. Em especial o método Farnsworth.
Ø Sessões relativamente curtas e frequentes de treino de cópia é a forma ideal de se aprender, talvez não mais do que dez minutos de cada vez umas três vezes ao dia.
Ø Praticar sempre que tenha oportunidade mas evitar fazê-lo quando se sentir cansado.
Ø Praticar tanto com auscultadores de ouvido como à partir de um altifalante (se só se praticar com auscultadores pode haver alguma dificuldade no teste).
Ø Ouvir o código a uma velocidade ligeiramente acima da que se pode copiar comodamente.
Alguns métodos são altamente contraproducentes. A aprendizagem do código através da memorização visual de traços e pontos numa tabela impressa, é das piores formas de aprendizagem uma vez que se queremos fazer a descodificação de sons não devemos usar os olhos... Através desta forma antiquada de aprendizagem por memória visual ou através da contagem dos «dits» e «dahs» analiticamente é quase garantido que se irá produzir os famosos «plateaus» na velocidade que a mente consegue processar num nível consciente – normalmente pelas 7 ou 10 p.p.m.
Outros métodos desencorajantes. Através dos anos muitos esquemas foram criados para memorização do código alguns até bem engenhosos recorrendo a palavras ou frases que de alguma forma fizessem lembrar o som do caracter ou mesmo através de ilustrações. Pior do que não fazer nada estes métodos (além de não apresentarem qualquer valor para a comunicação telegráfica) ainda prejudicam na medida em que assentam na memorização visual que como vimos é de se evitar a todo o custo.
Resumindo:
Ø Nem sequer olhe para uma destas tradicionais tabela de código Morse antes de começar a aprender, e jamais tente memorizar visualmente ou aceite software que mostre o código no ecrãs. Nota: Repare que a tabela proposta no Apêndice deste documento, recorre á nomenclatura «dit» para os pontos e «dah» para os traços mas nunca mostra as figuras dos pontos e traços.
Ø Rejeite métodos que peçam para ouvir inicialmente sucessões de pontos e traços.
Ø Ouça apenas caracteres completos e correctamente enviados.
Ø Não tente memorizar por «opostos», «K» e «R» por exemplo, nem tente decorar pensando muito, aceite o padrão sonoro correspondente ao caracter tal como ele é. Inicialmente pode parecer demorado mas esta é a melhor forma de aprender.