|
CT3KN - A MINHA HISTÓRIA COMO RADIOAMADOR
Na minha infância fui influenciado pelo cheiro a solda pelo colorido dos componentes electrónicos e pelas histórias caricatas que meu pai contava sobre a sua estação PY1BHJ e o seu primo Clécio, este último nunca obteve licença mas era o que mais operava. Meu pai era técnico de electrónica e teve a especialidade de radiogoiometria quando Tenente da força aérea brasileira.
Pouco antes de desistir da sua carreira militar, nos anos 50, obteve o indicativo de PY1BHJ influenciado quer por um colega radioamador que conheceu no Rio de Janeiro quer pelos primeiros tempos da massificação da rádio (broadcasting), operando em AM nos 40m no estilo dos locutores das estações comerciais, mas nunca foi uma operador entusiasta ao contrário do seu primo Clécio que maioritariamente era o que operava a estação.
Sempre sinalizou sua chegada à casa, de carro, com um R em morse (de Ricardo e Renate, minha mãe), e costuma ouvir as emissoras de ondas curtas lançando mão do seu domínio da língua Alemã e Francesa.
Lembro-me ainda de um kit infantil de um receptor de Galena que ganhei de algum colega de meu pai, bem me lembro da história do estender da antena e da ligação à terra a bobina o díodo e os fones, fiquei maravilhado.
Também me lembro da compra de um rádio antigo á válvulas que não funcionava e a tarde que meu pai levou a repará-lo, tinha banda de ondas curtas e eu adorava aquele apito do batimento das portadoras...
Já em Portugal (a partir de 1983) para ouvir as emissões das emissoras brasileiras meu pai adquiriu um receptor de ondas curtas (um SELENA de fabricação Soviética) que ligou a uma long wire.
Sempre tive uma imagem irresistível de uma estação rádio numa cave ou sótão mau iluminados e recebendo sinais fracos em Morse...
Depois do 9º ano ingressei num curso técnico profissional de electrónica que acabou por me desmotivar tendo ficado no entanto com algumas noções sobre o assunto. Lembro-me que na disciplina prática escolhi construir um emissor de FM...
Pelo ano de 1993 um amigo emprestou-me um par de walkie talkies de CB em AM e surpreendeu-me captar aqueles sinais de estações CB quer locais quer Brasileiras ou outras.
Estando eu no fim do curso de Ed. Física na Universidade do Algarve – Escola Superior de Educação e sendo frequentador assíduo da biblioteca da Faculdade de Tecnologia tive acesso a uma edição espanhola do ARRL Handbook tendo então tido uma melhor noção do que era o radioamadorismo e como estava organizado no âmbito internacional.
Tendo encontrado uma tremenda dificuldade em localizar informação sobre o radioamadorismo acabei por me introduzir no CB, isto é tornei-me um «freebander» que se trata de uma actividade ilegal, mas rapidamente me desmotivei em relação aos contactos locais tendo me dedicado ao DX e á técnica sobretudo relativa às antenas, meu primeiro rádio foi um CB General Eletric AM que comprei quando duma ausência de alguns dias da minha mulher (na altura namorada) que tinha se deslocado a cidade de Aveiro para frequentar um curso, e mais tarde já dando aulas em Tavira adquiri em Espanha um rádio com SSB e acesso às frequências «proibidas» mas largamente utilizadas pelos entusiastas do DX nos 11m. Fui de autocarro à cidade de Huelva comprei o ambicionado rádio e, no fim do dia, de regresso à casa foi traumática a 1ª experiência com o rádio novo: ao apertar o conector do microfone o mesmo rodou e fez um curto-circuito que queimou um diodo. Graças ao meu pai fizemos a reparação em pouco tempo e desde então o rádio funcionou maravilhosamente (savo erro tratava-se de um Midland 8001)
Na QSP «Revista de rádio e electrónica» encontrei menção de um radioamador de Vila Real de Santo António o CT1ESO, escreví-lhe uma carta pedindo-lhe algumas informações de como se tornar radioamador, o mesmo contactou-me por telefone e deu-me algumas dicas.
Os preços dos transceptores de amador foram inicialmente um forte desencentivo para a actividade mas sabia que, um dia, seria capaz de montar uma estação... Durante o ano lectivo de 1995/1996 dei aulas na escola Secundária de Pinheiro e Rosa na cidade de Faro, e lá tive o meu primeiro contacto com a Internet que abriu-me as portas à informação sobre o radioamadorismo.
Por razões de maior facilidade de vagas para leccionar na Região Autónoma da Madeira eu e minha esposa mudamo-nos para cá em 1996 e já neste ano lectivo comecei a estudar mais seriamente o código Morse para me submeter ao exame, utilizei um programa que puxei da Internet o SuperMorse... O primeiro exame que fiz foi para a categoria B habilitado à telegrafia tendo passado sem qualquer dificuldade e dois anos depois (como manda a lei) fiz o exame para a categoria A passando também com boa média. Foi exactamente neste primeiro exame que conheci meu amigo CT3HF – Duarte que se submetia ao exame para a classe A, fazendo parte da recém formada direcção da Associação de Radioamadores da Madeira – ARRM me convidou para me juntar a ela. A partir daí frequentei com total assiduidade as reuniões da direcção e ao convívio aos sábados de manhã. Como meu interesse residia no DX e concursos em HF rapidamente fui convidado pelo CQ9K para participar na preparação do CQWW SSB 1998. Estive com este grupo até o CQWW SSB 1999 tendo feito pelo meio o IARU (operando apenas com os colegas CT3HF e CT3IA) e o WPX SSB. Por divergências insolúveis com os colegas abandonei o grupo, também saíram nesta altura dois outros colegas. Foi com estes outros dois dissidentes que retomamos o indicativo CQ9T que já tínhamos utilizado no ARRL 10m 1998 e formamos um grupo de concursos que vai se fazendo ouvir de vez em quando.
(continua...) |